domingo, 8 de agosto de 2010

O que as mulheres querem

Passei boa parte da pré adolescência lendo.

Obviamente não me refiro aos livros recomendados nas aulas de literatura, mas sim, aos romances talvez não adequados a minha idade que eu encontrava na casa de minha tia.

Sem excessão, tratavam de amores complicados entre pessoas lindas e bem sucedidas com finais felizes. Mas também sem excessão, a mocinha não facilitava em nada o acesso, o que obrigava os apaixonados cavalheiros a fazerem o impossível para conquistar seus corações.

Corta.

Em plena adolescência, saí do interior e vim morar na capital.

Foi um choque de realidade e tanto.

Não que, não houvessem romances por lá, mas fui obrigada a me desfazer da minha cabaninha romântica na marra.

Descobri a lei da oferta e da procura, mais as estatísticas, etc. etc.

Tantas mulheres solteiras X homem X gays, significavam que os livros que andei lendo estavam completamente errados.

Quem precisava arrastar um bonde pra conquistar um coração que valesse a pena eram as mulheres.

Saí pelo mundo acreditando em outra teoria, alimentada agora por outro tipo de literatura, a revista voltada ao público adolescente da época.

Os homens é que eram difíceis, e lá existiam diversas colunas tirando as mais diversas dúvidas juvenis, tipo como aprender a beijar de lingua em uma laranja (acredito que muito homem andou lendo isso e nunca mais aprimorou a técnica) ou como não se deveria deixar nem se aproximar do peito caso quisesse passar a impressão de uma menina séria. Caso o fizesse, acabaria “falada”.

Ah, os anos 80!

Como não sou uma dependente completa da opinião alheia, fui fazendo meus próprios experimentos afetivos afim de algum dia poder desenvolver uma teoria própria.

Eis que um pouco mais tarde, descubro o manual da escravidão feminina, uma revista voltada para as mulheres, que um desavisado poderia jurar ser escrita por um homem.

Ou, caso um homem leia, pode desmascarar a maioria das mulheres solteiras existentes no Mercado.

A revista Nova da dicas de como se transformar em um personagem bizarre afim de laçar um homem.

Como se vestir, como se pentear, que roupa usar, que tom de voz utilizar, ações e reações, tudinho para parecer apetitosa para o bonitão do outro lado do bar.

Só não explica o que fazer com quem você é de verdade caso a noitada com o bonitão vire um relacionamento.

E lá vão as mulheres para a berlinda novamente.

Mas como no mundo da literatura existem opções infindáveis para curiosidades que não cessam com o decorrer dos anos, fui dar uma espiada nos livros que ajudam a entender o que é que fazemos de errado para não sermos desejadas e amadas como queremos por estes complexos seres que são os homens.

Mais lições e lições do que fazer, como se portar afim de passar o resto da vida invejando alguém (as solteiras invejando a vida estável das casadas, as casadas por sua vez, invejando a liberdade e a vida sem rotina das solteiras…).

Todo esse texto para chegar onde eu queria chegar.

Sou apenas curiosa, nem expert, nem feminista, nem recalcada, nem nada, já fui casada, solteira, noiva, enrrolada e no momento não estou só nem com ninguém, não sei se quero casar, nem ficar sozinha, apenas vivo minhas experiências e observo o mundo a minha volta.

Nestas observações por algum tempo julguei andar sendo muito parcial, afinal estada teorizando muito baseada em minhas experiências e nenhuma teoria pode ser considerada válida sem uma amostragem maior.

Com isso comecei a observar com mais atenção a relação das outras pessoas.

De amigas íntimas, da babá da minha filha, das amigas das amigas, de pessoas que trabaham em segmentos diferentes do meu, afinal poderia ser um mal da classe profissional.

Não era.

Os homens estão acometidos de uma mulherzice impressionante.

Atitudes que eu passei a vida ouvindo ser das mulheres sendo tomadas pelos homens.

Antigamente as mulheres recebiam “atributos” que pareciam inerentes ao DNA feminino.

Pelo tom das críticas masculinas, homens jamais teriam atitudes como:

- O chicletinho: você sai com o cara um dia, no dia seguinte, ele quer quer dormir na sua casa e no outro e no outro até você sufocar, esse espera que você aja como uma heroína daqueles romences tipo “Sabrina” e deixe seu coração ser conquistado?

- O casador: ele parece perfeito na primeira semana, mas na segunda já está fazendo planos de casar e você já conheceu a família dele – que mora no interior e tudo – e este? Gatinha da Capricho que ainda acredita que existem meninas para namorar?

- O maníaco do telefone: na primeira vez que ele liga pra dizer boa noite, você acha fofo, mas quando ele faz isso TODAS as noites ou quando liga 52 vezes enquanto você janta com sua amiga, é assustador, se bem que para esse eu recomendaria um daqueles livros pra mulheres que diz que imprevisibilidade também é bom em homens

- O fiel: aquele que diz que nunca foi fiel a mulher nenhuma, mas com você ele não tem olhos pra mais ninguém – este certamente espera que você se comporte como a mulher de “Nova” e finja que acredita…

Ontem um amigo me disse que tudo o que ele sabe sobre mulheres, é que nenhuma resiste a um safado, mas veja bem, um safado, não necessariamente quer dizer um mau carater.

O amigo em questão nunca se disse santo e acredito que não é.

Mas também não acredito que alguém, no caso dele tenha comprado gato por lebre e nunca o vi sozinho por aí, nem suas relações são efêmeras.

Terá ele razão?

Nesse caso, não consegui concluir coisa alguma.

Partindo da idéia de que uma pitada de safadeza todos temos – eu particularmente não confio jamais em gente certinha demais, pergunto:

O que exatamente buscamos, se demais é chato, de menos da carência e perfeição não existe?