quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Como sobreviver em um ano de crises

Crise 1 – O Barco

Sabem para onde eu vou???? Para a I L H A D E C A R A S!!!

Eu que estava sem persperctiva nenhuma para o reveillon vou para a ilha de caras, a trabalho, claro, mas eu vou.

E melhor, vou entrar 2009 adentro num barco, cercada, por meus amigos mais queridos e mais um monte de gente legal…..

O ano começou e eu realmente estava com pessoas muito legais, muito enchampanhadas e cantantes. A noite estava linda, estrelada, limpa, os fogos, espetaculares.

Mas, não fazia nem três horas que o tal do ano havia começado e eu levei um fora descomunal – por torpedo.

Eu que sou a mais insistente das pessoas quando quero algo, teria escrito de volta, dizendo deixa disso, vamos lá, ou algo do gênero, mas o torpedo foi finalizado com algo tipo não me escreva que nem vou me dar o trabalho de ler.

Nesse caso, nada há pra ser dito, resta juntar os cacos do meu coração que está mais despedaçado do que vidro estilhaçado de carro após capotagem e sambar , samba esse, que terminou em tombo, mas, como não sou mulher de tombinho, precisei de um tombo melhor ainda.

Decidimos um passeio de barco e, não existe nada como se debruçar sobre um barco desamarrado, é lindo, tal como cena de desenho animado. A pessoa fica completamente na horizontal, pés no pier, mãos no barco, até se estatelar no casco, ser salva pelos amigos e quase matar todo mundo – de rir é claro.

Crise 2 – Dr. Jekyll

Depois de levar um fora, nem tentei colar os cacos, simplesmente impossível.

Decidi facilitar a vida do primeiro que quisesse.

O primeiro que quis, tinha tudo que uma mulher carente, espera de um homem, lindo, jovem, rico, com amigos legais e me cobria de atenção.

Tanta atenção, que tenho certeza que aquilo foi um espécie de alerta divino do quanto eu consegui ser chata em relações anteriores, e somando todas, não dei um décimo da atenção que recebi do menino.

Mas para colar os cacos vai bem!

Não foi um encontro de almas, até porque Dr Jekyll tinha duas personalidades, antes do vinho e depois do vinho, além disso, o apelido chaveirinho lhe caía muito bem…no more details

Comecei a rezar diariamente por um homem que me ignorasse, que nunca mandasse um torpedo de bom-dia, muito menos de boa-noite, ligar de madrugada dizendo que me ama, nem pensar, mulherzinha na história, só eu.

E não é que as preces foram atendidas e encontro pela vida o cara do fora por torpedo?

Crise 3 – Fui mas fiquei

Sabe a tal da crise econônica? Pois é, ela se abateu sobre meu amado salário do final do mês. Fui demitida no início de fevereiro, mas fiquei. Fiquei até o fim de maio.

Nesse período, vivenciei por todas as fases que um terminal passa:

NEGAÇãO: me negava a ficar mais, mas estava tão apegada aquele dinheirinho que seria depositado na minha conta que me dobrei.

RAIVA: que raiva de ser pobre, comecei o ano achando que era rica e agora estou aqui, sem saber como fazer….

BARGANHA: nessa fase, não foi com a empresa que barganhei, mas sim com as outras possibilidades que a vida poderia oferecer …

- Prostituição: junto aos amigos fiz cálculos, quanto ganha uma menina por hora? 8 horas diárias X 300 pilinhas (no meu caso 180 que ja to meio passadinha pra profissão) X 5 dias por semana, pô, bem mais do que eu ganhava ralando 12 horas diárias. Mas os mesmos amigos (estraga prazeres) resolveram me mostrar os piores espécimes masculinos pra provar que eu não tinha vocação.

- Cafetinagem: bem, já que não tenho vocacão praquela parte do negócio, posso muito bem trabalhar nos bastidores. Fui consultar outro amigo, esses, entendido do assunto. Banho de água fria, até nesse mercado é necessário começar como estagiária, ou se é do ramo, ou nada feito.

- Venda de orgãos: sério, eu e outra amiga duranga, ficamos horas pesquisando quanto valeriam os orgãos que temos em duplicidade.

O queeeeee???!!! Nada feito! Sabe quanto pagam por uma cornea?

- Barriga de aluguel: essa pareciaa aposta mais promissora. Você pode trabalhar apenas uma vez no ano e viver disso o restante dos dias. Mas aí tem um problema. Você já teve um filho? Eu já… Entrou na minha barriga, só sai para ser meu…

- Próxima fase…

DEPRESSãO: essa fase chegou depois de descobrir que não há jeito, precisa ralar mesmo…não existe dinheiro fácil…

E por fim…

ACEITAÇãO: o mercado está ruim mesmo, as empresas enxugando custos, ainda demitindo. Será que rola vender o corpinho?

Crise 4 – Onde está a cara de pau que eu só usava pra trabalhar

Passei anos e mais anos em agências usando repetidamente o mesmo acessório. A minha cara de pau.

Ligava praticamente todo dia pra um fornecedor de pequeno porte (as vezes tão pequeno que a empresa era só ele mesmo) dizendo que uma grande corporação não tinha grana para pagar pelo trabalho que queria contratar e, em 95% das vezes convencia o pobre coitado a fazer o trabalho, eu e não posso tirar o mérito da minha cara de pau.

Aí precisei usar a cara de pau que era minha de direito, afinal, eu, desempregadinha da silva, queria ver meus amigos, tomar chopp com eles (eu sou baratésima pra isso porque nunca tomo chopp, nunca mesmo), mas tinha que avisar – aí ó, você que vai ter que pagar.

Procurei, procurei, revirei armários, gavetas, porta-malas do carro e é claro que achei, continuo saindo com meus amigos até hoje.

Crise 5 - Déjà vu

Não, não é possível que no mesmo ano eu tenha conseguido levar um for a duas vezes da mesma pessoa. Mas como tudo tem uma parte boa, dessa vez foi na minha cara e eu pude dizer eu também não te quero mais (nem era verdade, mas fiquei tão brava que passou a ser naquele momento).

Li uns três títulos de livros de auto-ajuda (nem precisou do resto, só o título já deu um up, e era muito mais barato) eme apaixonei de novo.

Dessa vez, por mim, cresci uns dez centímetros no meu conceito.

Recuperei a parte traseira da minha anatomia e pela primeira vez estou solteira, solteirinha, nem aí, apenas me divertindo, me divirto até com o som do teclado enquanto escrevo – o que faz o amor…

Crise 6 – Eu tenho muitos talentos, mas não consigo descobrir qual é o melhor

Preciso voltar ao mercado de trabalho.

Mas para qual mercado se tá todo mundo chorando tanto que fico com vontade de emprestar um dinheirinho?

Nesse recesso todo descobri muitas outras maneiras de me virar, de ver a vida, são tantas coisas novas que chego a ficar aflita.

Por exemplo, me da um prazer enorme levar a minha filha pra escola de manhã, e fazer parte da turma (e dai que eles tem 3 anos????!!!), tá, vou confessar, eu gusto mesmo, porque eles dizem que eu sou a mãe mais cheirosa…, mas não dá pra ganhar a vida disso, embora tenha me descoberto craque em virar assento pra crianças e desamarrar cadarços…

Quando vou com uma amiga visitar os clientes dela, sempre contribuo com alguma coisa que ajuda a fechar uma venda. Só que eu sou tímida, imagina eu resolver trabalhar com isso, chego lá na frente do cliente, eu meu salto e minhas pulseiras (sim, de salto, ou acham que vou sair por aí admitindo que sou baixinha?) olho pro cliente e pergunto – por favor senhor, posso me esconder num buraco na terra até a vergonha passar? Acho que no mínimo vai pensar que sou louca,né?

Idéias, eu sou uma fábrica ambulante de idéias, tenho uma atrás da outra, muitas delas viáveis, mas elas não se materializam somente pela minha vontade…

Crise 7 – Eu não tenho o dom de prever o futuro

Isso consiste num problema real pra mim.

O ano ainda tem dois meses e eu não tenho a menor idéia do que vem depois, se você leu o título e esperava alguma dica, só consigo pensar numa coisa, respire, calma e tranquilamente, uma vez após a outra, sem parar…

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Tudo o que você já quis saber sobre um traveco e teve vergonha de perguntar (mas eu não)

Eu nunca tive curiosidades a respeito da vida de uma ou outra pessoa, e sim, sempre quis saber a respeito de tudo, e não sendo nem um pouquinho hipócrita, tenho curiosidade inclusive a respeito das fofocas feitas sobre a vida dos outros (que fique bem claro, não me interessa virar central de informações sobre a vida alheia, mas gosto sim de saber).

Numa noite ao voltar de um aniversário, errei um retorno, e nada me atiçou mais a curiosidade do que descobrir sem querer o point mais movimentado da cidade.

Primeiro, notei os carros (que eram muitos).

Depois, notei os vidros abertos (incomum na cidade aquela hora da noite).

Para em seguida notar, que não havia nenhuma mulher no interior dos carros e sim nas calçadas.

Aquela altura, eu estava imaginando, porque é que eu sempre achei que os homens que circulavam num lugar assim seriam desdentados e teriam passats beges caindo aos pedaços e agora estava relutando em acreditar na realidade de que eles andam de audi, são jovens e bonitos????

Acordei do meu devaneio sociológico quando minha filha perguntou lá do banco de trás:

- Mamãe, por que a titia tá com o peito de fora? (!!!!)

Porque elas estão com calor filha.

- Então por que é que a gente precisa usar casaco dentro do carro? Você nunca saiu de peito de fora quando tinha sol!!!

Naquele momento eu, que não sou religiosa, me descobri cristã, ou revoltada com o cristianismo, nem sei bem.

Por que Deus, aquela criatura que eu não conseguia distinguir se era homem ou mulher, tinha o mais belo par de peitos que eu já vi (isso sem falar no resto) e eu só mereci um par que precisa de sutiãs com enchimento????

Por acaso tem alguma coisa a ver com aquela suposta costela doada lá nos primórdios?

Alguma mágoa, por causa daquela injusta estória da maçã da qual acusam minha ancestral feminina? Digo injusta porque se ambos possuiam o livre arbítrio e o mocinho doador de costelas aceitou a maçã que lhe foi ofertada, foi por que quis, então acredito que esteja na hora de inocentá-la.

Pergunto se depois de tanto tempo ainda quarda rancores a ponto de transformar homens em mulheres perfeitas e mulheres em bagulhos indescrítiveis (mas não incorrigíveis) onde até a ponta do nariz cai?

Mas seguindo meu passeio, já que minha curiosidade me levou até o fim da rua deparei com uma cena insólita.

Uma moça que eu descreveria como uma perfeição da natureza (exceto pelo fato de que ela possui um pinto - o que confirmei mais tarde - mas que não parece ser um problema para os clientes locais) estava "sem nenhuma consulta", enquanto a dez metros dela, havia outra que eu descreveria como um homem com cintura e peitos, era abordada o tempo todo.

Fiquei muito intrigada com algumas coisas:

Quem eram transexuais e quem eram as mulheres trabalhando ali? Como é possível identificar?

Poooor que a perfeita estava sendo preterida enquando a horrorosa estava cheia de clientes?

Quem são os clientes que frequentam o local (já que não são os desdentados de passat bege da minha imaginação)?

Quanto custa um programa?

O que se "entrega" num programa?

Quantos clientes se atendem em média numa noite?

Tem alguém cuidando delas? Um cafetão?

Atendem homens e mulheres?

Por que na rua e não num clube? Vale a pena?

O que fazem nas horas em que não estão ali trabalhando?

Quem são?

Fiquei muito curiosa, a ponto de dar mais uma volta na última quadra.

A moça perfeita sorriu pra mim.

Será que ela pensou que eu estava procurando algo? Ahhhmedeus!!! Ou viu que

eu era apenas uma curiosa com uma criança com gens curiosos também?

Estava dando o fora dali quando minha filha pediu:

- Mamãe, quero ver de novo.

Confesso que como continuava curiosa, prometi a ela que seria a última vez e fui muuuuuito devagar.

A moça perfeita e que sorriu, se aproximou...Ahhhhhhhhmeedeeeuuussss!!!

Parei.

Abri o vidro (afinal, não havia a menor possibilidade de ela ter (além do óbvio) uma arma escondida no corpo.

A pessoa sedutora sentada no banco de trás (e ligeiramente fixada em peitos) já se desmanchava em sorrisos quando ela se apresentou.

- Oi, meu nome é Gabriela.

Exceto pela voz em cima do muro, de perto, ela continuava perfeita.

Eu esclareci, caí nessa rua por acidente...continuei por curiosidade, ok?!

- Eu sei linda.

Mas já que voltei e sou curiosa, posso perguntar, um questionário mental que elaborei enquanto ia e vinha?

- O que quiser - ela me disse enquanto fazia gracinhas pra minha filha.

Tá bem, mas antes vou falar algo.

Que fique claro, não é uma cantada, você é muito bonita, me impressionou, e olha que já trabalhei com mulheres consideradas as tops do país.

Ela sorriu agradecida e respondeu a todas as minhas perguntas, sem vulgaridade alguma (principalmente porque havia uma criança presente - o que ela mesma teve a delicadeza de observar).

Tive minha curiosidade saciada.

Alguns chamaram de perigo, outros de atrevimento, muitos atribuiram a uma tal de cara de pau que nem sei se tenho, mas eu, só penso que foi aquela minha vontade irreparável de saber o que se passa na vida das pessoas.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Encrenca

Eu tenho um amigo que é chegado em uma encrenca.

Se ele for comprar um carro, pode apostar que não será um híbrido que fará mil kilômetros com um sopro de ar e terá pneus autoconsertantes, e sim um daqueles que faz a alegria dos postos de gasolina e de qualquer oficina de beira de estrada (daquelas que ficam bem longe de casa, que o cara acha que sabe consertar e cobra uma fortuna por isso) uma encrenca.

Se tiver um cachorro, pode ter certeza que vai gastar horrores com algum tratamento excêntrico, pois o cão certamente terá uma pereba exótica.

Se fizer alguma viagem, não será diferente, possivelmente, ficará retido na alfândega de algum país e terá de mobilizar o consulado pra poder passar.

Quanto a mulheres, me abstenho de comentar.

Mas não estou aqui para condená-lo, e sim para constatar, de que encrenca é algo que por vez ou outra não escapamos de nos meter.

Sim, estou falando do homem encrenca, e leia-se por encrenca, o cara que marca e não aparece, o casado, o que mal te conhece e quer desesperadamente casar (você há de convir que se encontrar um desses, deve correr na mesma hora, pois é encrenca certa...) e assim vai.

Ele não tem um rótulo ou estereótipo, mas assim que a gente bate o olho instintivamente sabemos...

- Esse cara é encrenca!

Ele te olha com aquela cara de "vou te engolir" e aquela voz meio esganiçada e longinqua lá dentro do nosso cérebro responde "hum, só se for agora..."

Mas sabe o que de fato acontece? Algo lá no nosso lado racional diz "run Forrest, run", mas algum lugar do nosso subconsciente já decidiu se aventurar, e, quando vimos (obviamente sem poder nenhum sobre nossas ações) nos munimos de nossa melhor cara, seja ela de santa ou devassa, demos uma ligeira acelerada no balançar dos quadris e passamos rebolando.

Num primeiro instante pensamos:

- Ufa! Estou ilesa, sem saber bem ao certo se esse era o estado em que gostaríamos de nos encontrar.

Mas toda boa encrenca que se preze, não deixa por menos querida, ela vai lhe encontrar, e, quandose der conta, você foi caçada, laçada, enjaulada e está completamente abobalhada por ele.

Lembre-se, estamos falando de encrenca, embora você saiba disso e tenha plena consciência de que ele não serve para ser o pai de seus filhos (muitas vezes ele não serve para - quase - nada), em algum momento, se pegará sonhando com isso e será obrigada a acordar.

Seu coração vai ficar estraçalhado, você vai chorar, vai se amaldiçoar por estar assim tão triste com uma realidade que era tão óbvia, vai jurar que nunca mais irá deixar acontecer de novo, que só vai se apaixonar por quem te merecer, blá,blá,blá...

Até acontecer...

E não vamos mentir, não há nada que doa mais do que um tombo pós encrenca, aquele tombo de quando a gente cai na real, sabe?!

Mas também não vamos ser hipócritas não há nada que nos deixe mais vivas do que nos apaixonar...

sábado, 17 de outubro de 2009

Par Perfeito

Desde criancinhas que ouvimos falar em par perfeito.

Na adolescência acreditamos mais cegamente que, a cada paixonite, encontramos nossa cara-metade, alma-gêmea, metade da laranja, ou qualquer outra forma cliché de descrever “o” principe encantado de cada uma…

Eu particularmente, sempre achei que passamos de relação em relação sempre buscando a tal metade, sem nunca de fato encontrá-la, até o fim da vida.

Que a graça de tudo, estaria na busca constante, para um dia descobrirmos que somos a metade de nós mesmos.

Pelo menos, era o que eu achava, até encontrá-lo….

Lindo, alto, negro, com aquele inconfundível toque de vermelho.

Na primeira vez que o vi, estava literalmente sendo massacrado aos pés de outra mulher.

É sério, fiquei muda, sem fala, sem conseguir respirar.

Não conseguia entender como é que alguém podia fazer tamanha maldade com aquele que era objeto do meu desejo, e mais, de todos os meus sonhos (eu não sabia que era, mas decobri naquele instante).

Como uma boa mulher curiosa, fui pesquisar na internet a seu respeito. Tudinho…

E, como qualquer outra mulher fui compartilhar com minhas amigas, das quais, ouvi o injusto comentário:

- Too much, for you baby. Imagina você, assim pequenininha montada em 16 cm?!?!?!?!?!

Inveja pura, magina, pequeninha eu (humpf).

Bem, com apoio ou não das amigas, sigo eu, agora acreditando mais uma vez que encontrei meu par perfeito para toda a vida.

Passo dias e noites com ar abobalhado que todo apaixonado carrega, repetindo o mantra…

Louboutin, ah Louboutin, te quero a meus pés…

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Si hay reglas, estoy contra

A primeira vez que aconteceu, eu tinha seis anos.

Chorei durante todas as férias de inverno, por achar que seria o fim.

Depois disso, nunca mais parou, foram anos e mais anos de paixonites, coisities, loucurites, diversos únicos amores da minha vida pra todo o sempre, homens da minha vida então, nem se fala...

Mas um dia foi pra valer, percebi que tudo aquilo tinha sido fichinha me apaixonei calmamente pela primeira vez, algo bom, tranquilo (tá, quem acompanhou o inicio do namoro, vai dizer que de tranquilo não tinha nada) mas enfim queria ficar velhinha ao lado de alguém, o tempo passou, graças a Deus não cheguei a ficar tão velha assim, o amor acabou e ganhei o melhor amigo que alguém pode ter.

Achei que já era adulta, esperta, que agora ia ser dona do meu nariz, independente, solteira, muitas festas, enfim, um belo dia comecei a sentir algo estranho acontecendo, descrevi para a minha terapeuta que estava me sentindo doente, eis que ela me dá o veredicto cruel:

- Você está apaixonada.

Eu pasma, nãããooo, to doente, me sinto doente, não é uma sensação boa.

É como perder o controle, não tenho poder sobre minhas emoções, blablabla

Eis que ela insiste:

- Sim, você está descrevendo uma pessoa apaixonada, e antes que argumente tudo de novo, paixão é algo patológico.

Ela tinha razão.

Fui nocauteada, estava de quatro, cega, e sim, não há nada mais patológico do que estar apaixonada, mas passou.

Há algum tempo estou de fato solteira e apaixonada somente por mim.

Foi nesse período que uma amiga me apresentou alguns livros que me dei o trabalho de ler. Digo isso, pois tive que romper uma boa dose de preconceito para chegar na primeira página, quando via o título do primeiro "O que toda mulher inteligente precisa saber", sempre debochei, costumava comentar:

- Se uma mulher inteligente "precisa" saber, nem vou ler, pois já sei.

Mas só para eu deixar de ser boba, aprendi muito.

Depois desse vieram outro e mais outro e mais outro.

O comentário que segue, pode parecer um tanto amargo, feminista ou rancoroso, mas não é nada disso, é uma triste constatação do quanto estamos perdidas em nosso papel no nesse complexo mundo macho/fêmea.

As mulheres que lutaram tanto por um lugar ao sol, para ter suas carreiras, para dividir a conta do restaurante com os homens, hoje, se sentem ofendidas por ter que dividir a mesma.

Ao mesmo tempo que querem o título de super-mulher (o que vou morrer acreditando ser impossível - e também acreditando que os homens estão aliviados por estarmos dividindo o papel de provedores do lar e matadoras de baratas com eles), também querem ser "mulherzinhas" e ter um homem pra chamar de seu.

Prova disso é a crescente quantidade de manuais feitos para nos ensinar como tratar um homem no primeiro encontro, no restaurante, no cinema, na cama, no dia seguinte, para não se tornar inconveniente, sob pena de assutar a indefesa criatura e ela não voltar mais.

Cheguei a ler um parágrafo, onde um donzelo dizia que gostava de chegar em casa e ter pelo menos meia hora sem a mulher falando com ele pois precisava desse momento de paz.

Ora, se a mulher não pode conversar com seu marido ao chegar em casa, e, se falar com ela é o oposto de paz, o que fazem ambos um com o outro?

Mulheres nascem com o dom da verbalização como opcional grátis.

Mulheres falam! Muito!

Se temos que seguir uma lista de regras afim de não importunar o outro com nossa presença pra ter um relacionamento, para que tê-lo?

Olha, quem vos fala tem guardado agui no armário, a faixa de rainha da concessão, e acho que abrir mão de uma coisa ou outra pela paz de qualquer relação vale a pena, mas companheiras, acho que já estão abusando de nós...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Que inveja da minha vó

Eu nem vivi nessa época.

Quando eu nasci a bagunça já tinha se instalado, elas já haviam queimado os sutiãs em praça pública.

Não estou aqui defendendo o machismo ou feminismo, apenas constatando que as mulheres resolveram tomar o mundo pra si.

Veja bem, no tempo da minha avó, ela tinha suas responsabilidades sociais e familiares, precisava encontrar um bom marido, ser boa esposa, boa, mãe, enquanto o homem, macho provedor, trabalhava e garantia o sustento da família, carregava as sacolas pesadas e por aí vai.

Como escrevi logo ali acima, as mulheres de minha geração, acharam que isso não estava bom e resolveram tomar conta de tudo. O que a meu ver se encaminha para a mais nova turma de frustradas do mundo, pensa comigo, como é possível um ser humano concentrar todas as qualidades que as mulheres estão ambicionando ter?

Boa profissional (uma boa profissional nos dias atuais trabalha pelo menos 12 horas diárias), boa mulher, boa mãe, boa amante, independente, bunda durinha, linda, carrega suas próprias sacolas pesadas, pendura o quadro na parede, faz quinhentos abdominais, limpeza de pele, passa 18 tipos de cremes diferentes, manicure, depilação, escova, busca o filho na escola, troca o pneu do carro (ou como é auto-suficiente, espera 40 minutos pelo cara do seguro), cansei só de escrever...

E, como se não bastasse, mata baratas...

Sim, esse é o curto, árduo e certeiro caminho para a frustraçao, ou você já ouviu de alguém:

- Noooossa, como você fica sexy matando baratas...

É tão cansativo, que na hora do sexo, com certeza a exausta mulher está olhando pro teto e imaginando o quanto melhor ficaria com uma pinturinha nova...

domingo, 4 de outubro de 2009

Aprendi...

Nos quase 15 anos trabalhados em agências de publicidade, por diversas vezes me perguntei para quem é que fazíamos tudo aquilo.
Acompanhei pesquisas de mercado, discussões sobre os públicos a serem atingidos, o melhor horário para veicular para que o sr cliente, seu fulaninho, estivesse com a tv ligada.
Mas, foi somente em meu recesso que descobri a verdade.
Os comerciais de tv são feitos para a minha filha, a Isabella. Ela tem 3 anos e é o publico desejado por todos aqueles que estão as duas da manhã ainda layoutando peças, porque a reunião está marcada pras oito.
A surpresa veio num dia quando ouvi portas dos armários da cozinha batendo, com alguém (o outro alguém que mora na minha casa - e só podia ser ela), procurando por um tal de rapidex...
Lá vou eu tentar decifrar do que se trata, enquanto era bombardeada com a pergunta:
- Mãe, por que não tem rapidex na nossa casa???
Eu tentando ainda descobrir se era uma nova modalidade de entrega dos correios, uma sopa de caneca, um esmalte de secagem rápida, mas fui salva pelo gongo, hora da escola...
Dias depois chego na sala e a encontro cantando e dançando entusiasmada o jingle do Rapidex enquanto anunciava que estava com fome (o dito cujo serve para fazer wrap sanduiches)...
O "S" é da Sadia e no super eu preciso comprar a salsicha do passarinho.
No corredor dos produtos de limpeza eu preciso comprar aquela pastilha adesiva para o vaso sanitário pra deixar nosso banheiro cheiroso (e eu nem sabia que cheirava mal).
Mas a derradeira pergunta veio um dia quando estava dirigindo e sequer me passava pela cabeça pensar em propaganda.
- Mãe, por que brincar é coisa séria?
Me enchi de mim mesma achando que agora ia poder exercer todo meu poder de adulta ensinar muitos valores a minha filha, afinal, ela havia me feito uma pergunta que talvez norteasse seus momentos de lazer por muito tempo. Mas antes, curiosa, resolvi investigar a origem de tal indagação.
- Mãe, a tv que falou.
Ah, o Omo, nada melhor do que as crianças ensinando aos pais o que significa de fato fixar uma marca...
Vou lá, me preparar para um dia de muitas coisas sérias...