terça-feira, 24 de novembro de 2009

Ilha Deserta

Quem você levaria pra uma ilha deserta?

Brad Pitt? George Clooney? Benicio Del Toro?

Esse último até seria uma opção, nunca achei interessantes aqueles homens perfietinhos que parecem com o namorado da Barbie.

Mas, eu levaria mesmo pra ilha deserta, meu rímel e secador de cabelos, se Benicio por acaso me quisesse, teria que nadar até lá.

Certamente que ao chegar, não me encontraria de fios arrepiados, naquele meio termo entre o ondulado e liso que me deixam com cara de quem recém acordou (uma visão nada lisonjeira), mas sim com cílios negros como carvão e cabelos impecávelmente lisos.

Falo por mim, mas que mulher nunca se olhou no espelho e desejou ser exatamente o oposto do que é?

Se é lisa, leva um tempão fazendo baby liss, quando crespa faz chapinha.

Se é alta tipo mulherão queria ser por um instante mignon e se sentir acolhida se é pequena, se imagina com vinte centimetros a mais.

Se está muito magra (duvido, mulher nenhuma nunca fica magra demais!) quer engordar, se está gorda, sempre precisa perder alguns quilinhos (todas as mulheres acham que precisam perder pelo menos dois quilos, mesmo que não tenham de onde tirar).

Não conheci até hoje mulher segura o suficiente pra não encontrar um defeitinho, mesmo que imaginário em si própria.

Já ouviu alguma vez a história da mulher que está muito feliz com a vida que tem?

Isso também é um problema.

A vida perde a graça.

Imagina o tédio da vida de uma pobre coitada, feliz em seu emprego, com um salário que permite várias excursões mensais ao shopping, cabelereiro, massagista, carro novo, tratamentos estéticos de última geração e um marido lindo e gentil esperando em casa com os filhos educadíssmos e jantar pronto, finais de semana na serra pra coroar?

Tá certo que tanta perfeição assim só existe em comercial de creme dental ou margarina, mas muita gente chega bem próximo a tal estado de calmaria na vida. E isso se torna um problema.

Como é possível viver com tamanha perfeição?

Onde está o frio na barriga?

E uma choradinha de vez em quando só pra confirmar se os canais lacrimais ainda funcionam?

Se você vai me dizer que já viu esse filme escrito pela Martha Medeiros, eu vou retrucar dizendo que já vi muito disso na vida real.

Temos a tendência a buscar por aquilo que não temos ainda, ou viver seria a mais completa acomodação.

O que já me fez questionar se o que costumamos chamar de amor não é apenas um grande jogo de poder.

Certa vez ouvi num filme (o filme não marcou, já que não faço idéia de qual era) a frase "que só era romântico porque nunca aconteceu" e isso ficou gravado.

O maior amor da minha vida nunca aconteceu, e nunca acontecerá. Ficará sempre aquela sensação de que era o melhor e que poderia ter sido perfeito, apenas porque não foi.

Não haveria como ser, se não existe uma pessoa perfeita, ao colocar duas juntas eu nem preciso concluir, afinal não fui eu quem inventou as piadas sobre casamento (e olha que eu adorei casar).

Mas o meu questionamento sobre a relação poder X amor, começa lá quando você nem dentes possuía.

Veja minha teoria.

Você estava amando um chocalho que estava fora do seu alcance, fazia de tudo para seduzir o adulto mais próximo, de forma que o brinquedo viesse parar na sua mão. Valia tudo. Sorrisos, gritinhos, babas, ahahahams, uhuhums ou o que mais você conseguisse verbalizar.

Quando atingia seu objetivo, o chocalho só servia para uma única finalidade, ser jogando ao chão, tão logo chegasse as suas mãos.

Assim possivelmente foi com a primeira conquista, a segunda e assim vai.

Mas, a teoria não se aplica para aqueles casos em que mesmo que você já estivesse decicido arremessá-lo ao chão ele tomasse antes a iniciativa de pular.

Isso era simplesmente o fim do mundo.

Com o passar do tempo e o amadurecimento, não muda nada.

Você se surpreende muito tempo depois (mesmo depois de ter descoberto que a lei da gravidade se aplica também a ponta do nariz – porque não existe transport pra ponta do nariz ainda…) pois se pega fazendo as mesmas coisas e chorando o mesmo tipo de lágrimas e pelos mesmos motivos que chorava aos doze anos.

Por mais insano que pareça, toda vez que avançamos o sinal do cercadinho pra pegar um chocalho novo, a vida vira de pernas pro ar.

A gente enlouquece.

Quer voltar pro confortável cubículo que é quentinho conhecido e macio, mas o lado de fora é novo, tentador e espaçoso.

A mais centrada das amigas se declara enlouquecida.

A outra, nem tão centrada assim pergunta “ Por que foi que fiz isso ontem se nem bebi”.

Ouvem-se exclamações do tipo “Meu Deus!!! O que é que eu fui fazer?!?!”

Mas existem também aquelas que não se arrependem e fariam tudo de novo.

Não sou terapeuta, nem profissional qualificada da área, mas gosto de assistir a movimentação em volta (esse é o máximo que minha monogamia autoinfringida permite, além de opinar na vida alheia, é claro), resumindo, sou metida mesmo. As pessoas sofrendo em passar pelas grades do cercadinho quando soltar a trava da fechadura e se proporcionar o que estão querendo seria tão mais simples.

É possível se surpreender com o que há ao lado de fora das amarras e ao lado de dentro de você mesmo. Já espiou?

Eu já.

domingo, 15 de novembro de 2009

Ele não Está Tão A Fim de Você

Você já viu o filme?

Ou leu o livro?

Na verdade tanto faz como você chega na história, porque o conteúdo é o mesmo. Porém no filme pode-se contar com uma pitada de humor, outra de lágrimas ou mesmo cento e vinte dois minutos de puro reconhecimento.

A história me soou muito familiar, aí recomendei pra uma amiga e mais outra e outra e o veredicto foi sempre o mesmo.

- Ah, se eu soubesse disso antes…

É mais ou menos assim, você realmente gosta do cara, mas não consegue saber se ele gosta de você. Você inventa desculpas, decide que ele está confuso, teve um acidente, que a mãe morreu, que o seu telefone está quebrado e por isso você não recebe exclusivamente as ligações dele.

Tudo, menos a latente e óbvia verdade.

Pare de se enganar.

Existe uma explicação muito mais simples: ele não está afim de você.

Acho que nossas mães deveriam nos apresentar o filme aos 12 anos e nos fazer assistir repetidamente até que pelo menos, entendêssemos a teoria, nem que fosse na marra.

O livro, deveria ser matéria obrigatória na escola, e estou falando do ensino fundamental, junto da alfabetização.

Obviamente, esqueceríamos qualquer coisa aprendida diante da primeira paixonite.

Mas o nosso subconsciente, não deixaria de nos avisar que se não ligou, foi porque não quis. Se não deu notícias, foi porque não quis. Se não deu sinal de fumaça, de certo não tinha fogo, mas certamente tinha diversas outras opções.

Que não existe nada no mundo que impeça uma pessoa viva de fazer contato quando tem vontade, embora muitas vezes utilizamos da nossa máxima força de vontade para tentar acreditar nas desculpas.

- Estou sem tempo: Falta de tempo, não é desculpa, pois com 30 segundos da pra enviar um torpedo, mail, ou mesmo fazer uma ligação rapidinha. Falo nisso porque essa é a desculpa padrão de todo mundo, nossa inclusive, quando queremos sair pela tangente de uma situação difícil. Mas fala sério, quem não tempo pra fazer alguma coisa que quer muito e nem demora, pode até dizer que esqueceu, pois eu mesma, sou enrrolada e esqueço, mas tempo, tem sim.

- Estive muito focado no trabalho: e quem nos dias atuais não está? Você certamente não estaria esperando contato de alguém que não pensa em trabalhar, mas se em algum momento do dia a pessoa não parou pra pensar no assunto “você”, ou não está a fim, ou não vale a pena o esforço, então, passinho a frente, por favor, que a fila anda…

- Estive doente e quase morri: bem, se estava doente, e não aproveitou pra desfrutar da sua adorável compania e dos travesseiros fofos que você poderia oferecer (isso não significa que você tenha vocacão pra enfermeira, mas a pessoa bem que poderia ter tentando, afinal carinho e boa compania nunca matou ninguém), nesse caso, um chazinho cai bem, chá de sumiço nele.

- Perdi o número do seu telefone: resumo, não quis mesmo, ninguém que tenha alguma consideração guarda um telefone importante em lugar que possa ser perdido. Melhor assim, que não ache! Pois num futuro próximo, perderia a hora, o endereço do restaurante, esqueceria a data do seu aniversário…

Ou você acredita no seu bom senso, ou terá que acreditar meses mais tarde quando ele lhe disser que nunca teve nada com você.

Mas se mesmo sabendo de tudo isso você ainda assim se declarar louca pela pessoa?

Bem, isso o filme não conta, aliás, acaba meloso como todas as comédias românticas de Hollywood, mas em pesquisas sociológicas de minhas andanças pela vida ouvi algumas histórias pouco eficientes de como se livrar de um cara que não está afim de você.

- Beber algum destilado no gargalo: se o destilado estiver quente, o enjôo vem mais rápido, você tem uma amnésia temporária, afinal com a ressaca que vem depois, não há como pensar em mais nada além de analgésicos e na proximidade da porta do banheiro.

- Chorar todas as lágrimas do mundo: você tem uma overdose de pensamentos na pessoa enquanto chora, porém nos três dias seguintes, o único pensamento que vai lhe ocorrer é como disfarçar o inchaço causado pelas lágrimas para poder sair de dentro de casa, pode acreditar, não haverá espaço para pensar em outra coisa além de maquiagem corretiva.

- Sair para se divertir com as amigas num bar da moda, e acabar soluçando compulsivamente em meio a todos, micão (!!!), dá pra pensar em outra coisa? Dá sim, em quanto (esquecendo o mico é claro) isso pode fortalecer a sua auto-estima quando você é socorrida por um monte de bonitões que dizem que ele não vale a pena e ressaltam todas as suas qualidades, mesmo que sejam só as qualidades externas, mas que que causa amnésia temporária, ah, isso causa!

- Também há o remédio dos poetas, o tal do tempo. Dizem que o tempo tudo cura, tudo resolve, tudo faz esquecer e eles estão cobertos de razão. Não há nada melhor, mas até lá…

Porém em meio há isso tudo, as vezes é possível descobrir coisas incríveis a nosso próprio respeito.

Talvez aquelas coisas que só conseguimos perceber com a chegada da maturidade (quando falo em maturidade, juro que corro ao espelho mais iluminado pra ver se acho algum cabelo branco nascendo, porque em meu mais remoto subconsciente, maturidade está diretamente ligado a envelhecer e apesar de toda poesia, ainda não estou pronta pra isso – por sorte, não achei nenhum).

Existem na vida aquelas pessoas de quem você gosta e pronto.

Não importa o quanto elas gostam de você ou mesmo se gostam de você.

Você gosta delas apesar de qualquer coisa e por qualquer coisa.

Podem ver o mundo de uma forma completamente diferente da sua, ter ambições e crenças diferentes, valores diferentes e ainda assim, você tem um sentimento maior, e as acha lindas.

Já aconteceu com você?

Comigo já.

Há muitos anos, uma amiga, da qual nem tenho mais notícias falou algo a respeito do namorado, na época para mim, incompreensível.

Ela disse que gostava tanto dele que queria que ele fosse feliz mesmo que com outra pessoa.

Eu, a mais ciumenta e possessiva das criaturas, imaginei que ela só poderia estar louca.

Só anos mais tarde, olhando a pessoa que estava sentada ao outro lado da mesa, tão forte e tão frágil ao mesmo tempo é que pude compreender tal afirmação.

Talvez seja isso, a tal da maturidade chegando, mesmo com a ausência de cabelos brancos (graças a deus!), mas apesar dos percalços, das ligações que não recebemos ou das desculpas mais esfarrapadas do mundo, um dia conseguimos gostar de alguém assim, mesmo que isso signifique que vamos ficar só…

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Sonhos Impossíveis

Qual seu maior sonho?

Como alguém com DNA perfeitamente feminino, sonho com a maternidade perfeita, jóias, viagens, sapatos (hummm sapatos…), mas acho tudo isso perfeitamente realizável, porém, tenho um sonho impossível.

Um grande sonho que eu diria que é irrealizável em uma vida.

Eu queria ler todos os livros do mundo.

Nada desperta mais meu lado consumista do que uma livraria de aeroporto.

Sim, precisam ser as livrarias de aeroporto.

Não sei se os livros ficam expostos de maneira diferente, ou se é o clima da viagem (não preciso ser necessariamente a protagonista da viagem) mas nem o free shop tem tanto poder sobre minha conta bancária.

Sim, todos. Nem que fosse apenas, os títulos ou as resenhas. Mas eu queria.

Em alguns casos me basta ler o título mesmo, como foi o caso de um livro chamado “A fila anda, mas não empurra que é pior”, falando sério, não estava com nem um pouco de vontade de ler um livro de marketing com título de auto-ajuda pra corações partidos.

Fui pra outra prateleira e achei uma autora da qual li apenas um livro, mas tenho todos na lista, porque acho os títulos incríveis.

Por exemplo, você não ficaria com vontade de ler um livro chamado “A vida sexual da mulher feia”?

Não que eu seja feia, muito menos que tenha vida sexual, mas juro que imediatamente fico com vontade de saber o que está escrito ali, e, principalmente, se as feias tem vida sexual, por que é que eu que nem sou tão feia assim estou aqui questionando a minha….

Aliás, falando nisso, a Claudia Tajes tem títulos ótimos para todos os livros dela, tanto, que dentro do meu sonho de ler todos os livros do mundo, está definido como prioridade, começar pelos livros dela.

Porém, esse desejo me causou um conflito maior.

Eu já sei que não vou conseguir atingir meu objetivo, já que alguns livros, eu juro que tentei, mas não consegui ler de jeito nenhum.

“O Mundo de Sofia” por exemplo, eu comprei por indicação de uma pessoa muito inteligente e eu, queria ficar igualzinha a ela. Não vai ser possível, porque pra começar, hoje, acredito que já sou até mais inteligente que a pessoa que me recomendou o livro, e depois, porque detesto filosofia, pelo menos, essa forma de explicar a filosofia, se não estiver aplicada em exemplos práticos , sem chance.

“A Gente se Acostuma com o Fim do Mundo”, acho que o dia em que achei que poderia ler algo com esse título, deveria estar me sentindo meio deprimida, porque não sou conformista e nem quero me acostumar com o fim do mundo, sou ariana de carteirinha e se alguém me disser que o fim do mundo está próximo, vou fazê-lo girar ao contrário, somente para provar que não vai acabar e que ninguém vai se acostumar coisa nenhuma, logo, não consegui nem ler três páginas.

“Como Conviver com um Idiota”, juro que achei que se tratava de uma piada.Não era! O autor estava seriamente tratando de amenizar as dificuldades na convivência com pessoas chamadas idiotas. Mas pensando a fundo, todos, em algum momento do dia cometemos alguma idiotice, e sinceramente, prefiro ser uma idiota autêntica, do que uma idiota patética que usa de uma estratégia pra conviver com um semelhante.

“O que Toda Mulher Inteligente Precisa Saber” , humm, esse eu li, se precisava saber, estou sabendo…

Mas eu estava falando do grande dilema que os títulos da Cláudia me causaram.

Porque funciona assim. Ora estou sem dinheiro pra comprar livros, ora sem tempo pra ler como eu gostaria.

Agora eu estou com tempo, mas estou sem dinheiro.

Aí descobri, incríveis arquivos de livros em pdf na internet, completamente disponíveis para ser baixados.

Mas eu gosto de segurar o livro.

E, para incompreensão da minha filha, adoro ler no banheiro. Assim, de sentar lá, de roupa mesmo e ficar em paz.

Mas imagina a patética cena de alguém com seu computador no colo, sentado confortávelmente no vaso sanitário lendo, não dá, ainda mais porque a bateria certamente acabará no melhor da história.

Além do que, um livro, 15 x 21cm, cabe confortávelmente na minha mão, gosto do som das páginas virando, e pra piorar, gosto de papel branco.

Até aqui, estou desconsiderando como é que eles foram parar na internet e como é que vieram parar na minha mão (mas certamente consultei a outra metade da minha inteligência, que chamo carinhosamente de google, que me remeteram a um link, que certamente não era pago e eu digitei as letrinhas de segurança e o tal pdf hoje me assombra).

Digo me assombra, porque só achei um dos livros da Cláudia por lá, mas não achei justo (nem confortável) ler, sabendo que ela deve ter usado suas madrugadas escrevendo, ou passou horas dizendo “ahãms” para as perguntas de seu filho enquanto escrevia, pra eu ignorar seus direitos autorais e ler de graça…

Mas também existe um outro ponto, eu matriculei minha filha numa escola, cujo conceito é preservar a natureza o tempo todo. Natureba mesmo

Ela acabou de fazer quatro anos, mas passa o tempo todo me chamando a atenção para meus pequenos deslizes antiecológicos.

- Mamãe, pra secar as mãos, você só precisa de duas folhas (alguém consegue MESMO secar as mãos com apenas duas folhas?)

- Ou, vamos usar a escada ao invés do elevador pra poupar a energia do planeta?

- Ou, por que não reciclamos o lixo?

* Detalhe nós separamos o lixo sim, porém como não tem o símbolo de reciclável na lixeira, o fato foi completamente ignorado pela exigente pessoa com quem convivo em meu lar.

Então, com essas cobranças diárias, as quais sou submetida, me sinto um tanto constrangida em cortar as arvorezinhas do planeta afim de fazer papel clorado, poluindo os rios, que necessitariam de muito mais tratamento para tornar suas águas potáveis, somente para satisfazer a minha vontade de ler todos os livros do mundo.

Mas também, embora tenha baixado o livro, me sinto moralmente impedida de ler. Estava lá, disponível, não fui eu que coloquei, e a Cláudia nem sabe que cara eu tenho. Mas eu sei que cara ela tem. Conheci o pai do filho dela e com frequência a encontro por aí, e aquela maldita voz da minha consciência, que costuma ser um tanto cdf e insistente, ficaria jogando o assunto na minha cara.

Que dilema!

E agora tal como Hamlet estou a pensar, ler ou não ler, eis a questão…

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Os astros não mentem?

Eu leio horóscopo.

Leio em jornais, revistas, internet ou em qualquer outra situação em que ele aparecer na minha frente.

Veja bem, eu disse leio.

Porém só acredito quando está bom.

Se disser que vou bater carro, não bato e pronto. Não que eu bata, eu nunca bati o carro (na rua), só na garagem onde sou especializada em pequenos adornos nos parachoques, mas como o nome diz, é pra parar o choque, vou andando até parar, aí não amassa, só arranha um pouquinho. Mas enfim, nesses dias, nem isso eu faço, não acredito, vou lá e saio ilesa.

Aaaagora se disser qualquer coisa boa, o dia fica lindo, fecho a porta, esqueço imediatamente qualquer coisa que tenha lido e sigo a vida.

Também não acredito em cartomantes, astrólogos, tarólogos, adivinhos ou afins.

Não estou dizendo que nunca procurei um profissional da área, e sim, que não acredito.

Mas quem em um momento de desespero ou curiosidade extrema não fez uma consultinha?

O único problema nisso, é quando eles resolvem falar a “verdade” e a gente só queria que eles dissessem que tudo ia dar certo.

Me respondam, quem em sã consciência, iria gastar seu suado dinheirinho pra ouvir que o grandeamordesuavidapratodosempredodia já está em outra?

Só um maluco né? A gente paga pra ouvir que tudo vai ficar bem, aí sai na rua toda linda e feliz e a fila anda, naturalmente.

Eu, por exemplo, se quisesse ouvir verdades, teria outras opções mais dolorosas e certeiras (mas aí eu procurei por isso):

Opção 1- Eu ligaria pro meu melhor amigo

Ele é o único argentino feio e careca que eu conheço (mas que eu amo e pelo menos casou com uma mulher linda pra contrabalançar). Ele certamente diria todas as coisas que eu não queria ouvir, analisaria todos os ângulos das questões da forma mais cartesiana possível, eu possivelmente odiaria tudo isso, mas nada, nadinha nesse papo teria um pingo de inverdade, e ainda por cima, essa cena nunca aconteceria num quartinho escuro, em volta de uma mesa de toalha suja. Tá bem, a toalha a gente acaba sujando em algum momento, porque seja onde for, sempre tem comida e bebida envolvidos.

Opção 2 – Perguntaria pra alguém que não gosta de mim

Você já viu alguém que não gosta de você tendo pudores em magoar com a verdade? Eu não. Até já vi gente que ama escondendo a verdade pra não fazer o outro feliz dando o braço a torcer (vá entender por que…) mas nunca, nunquinha mesmo, vi um inimigo poupando outro. Se eu quisesse a verdade, certamente procuraria algum.

Opção 3 – Jogaria cara ou coroa

Não é piada. Você tem garantias de que 50% da resposta que der, será verdadeira. Ninguém precisa saber qual foi a pergunta feita, e no final, pode ficar com a moeda pra você, ela é toda sua.

Opção 4 – Terapia

Essa eu só usaria como recurso final. Emergência mesmo. Porque chegando até aí, a verdade é inevitavel. Sabe aquilo que você sempre soube sem ninguém lhe dizer, mas ficou guardando bem escondido pra você mesmo não descobrir, aí vem o maldito terapeuta e fica cavocando, cutucando, escarafunchando até você se dar conta do que era? Pois é. Não há pior verdade do que essa…

Minto, há sim, você pagou por ela – caro(!!!).

E pior ainda, foi você que foi até lá, caminhando com as próprias pernas procurar…

Mas houve um dia que eu consultei um astrólogo.

Fiz um mapa astral, paguei por ele, e pela minha lógica, deveria ouvir, tudo o que eu queria ouvir.

O cara não me disse.

Passei quase dois anos dizendo que foi a pior coisa que fiz na vida (obviamente fiz outras beeeem piores, mas é que sou meio alarmista mesmo), afinal ele era totalmente culpado por não dizer o que deveria ter me dito.

Não sei como ele pôde.

Há duas semanas encontrei com o cd do tal mapa astral, natal ou seja o nome que tiver e joguei rancorosamente no lixo.

Só que fiquei pensando nele. Pensei em juntar mas logo concluí que, se julguei ruim uma vez, ruim pra sempre.

Mas pensei nele no trânsito de novo, aí tive uma idéia ridícula, vou chegar em casa e procurar (veja bem se eu sou mulher de colocar a mão no lixo, joguei fora e deu).

Estacionei o carro na garagem e estava indo rumo ao meu lar, quando vejo uma coisa redonda e brilhante no topo de uma pilha de revistas com o meu nome.

Eu li “O Alquimista”, se o mago escreveu, escreveu porque acredita (a Ju me disse que sim), o cara é uma lenda, está entre os mais lidos do mundo, por que é que eu, naquele momento, vou duvidar de um sinal??? Era lixo seco, óbvio que juntei.

Deixei o dito cd num canto, um dia eu escuto.

Mas domingo uma amiga que nunca fala comigo, resolveu me perguntar adivinha sobre o que?

Passei um bom tempo discursando minhas verdades já estabelecidas sobre não procurar um astrólogo, muito menos aquele que não disse o que eu queria ouvir.

E a coisa redonda e brilhante estava só há um braço e cinco dedos de onde eu sentei, assistindo a cena…e se aquilo fosse outro sinal? Tive medo de ser uma amiga que sai por aí dizendo verdades de mentira e resolvi ouvir o que é que o cara tinha visto nas estrelas, porque pra ser honesta, eu nem lembrava mais…

Passei as duas horas seguintes rindo, chorando e pasma (mais pasma do que qualquer outra coisa).

Descobri que aqueles pequenos pontinhos brilhantes lá no céu, estavam me espionando o tempo todo.

Tinha um review incrível desse período da minha vida, mas que não fui capaz de acreditar, porque se alguém me dissesse que eu passaria por uma revisão de valores tão grande naquela época, eu teria feito, exatamente o que fiz, negar e pronto.

Mas sabe o que é melhor, o cara dizia lá, que no final de 2009 (e estamos no final de 2009) netuno sol estaria em meu mapa e que isso aconteceria uma única vez em minha vida, e mais, que a maioria das pessoas vive sem conhecer o tal do netuno (uau!!! quanta honra), o que isso significa, eu juro que não vou contar.

A cética lá do início do texto está esperando por uma única coisa:

Que os astros não mintam, jamais.