quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Como sobreviver em um ano de crises

Crise 1 – O Barco

Sabem para onde eu vou???? Para a I L H A D E C A R A S!!!

Eu que estava sem persperctiva nenhuma para o reveillon vou para a ilha de caras, a trabalho, claro, mas eu vou.

E melhor, vou entrar 2009 adentro num barco, cercada, por meus amigos mais queridos e mais um monte de gente legal…..

O ano começou e eu realmente estava com pessoas muito legais, muito enchampanhadas e cantantes. A noite estava linda, estrelada, limpa, os fogos, espetaculares.

Mas, não fazia nem três horas que o tal do ano havia começado e eu levei um fora descomunal – por torpedo.

Eu que sou a mais insistente das pessoas quando quero algo, teria escrito de volta, dizendo deixa disso, vamos lá, ou algo do gênero, mas o torpedo foi finalizado com algo tipo não me escreva que nem vou me dar o trabalho de ler.

Nesse caso, nada há pra ser dito, resta juntar os cacos do meu coração que está mais despedaçado do que vidro estilhaçado de carro após capotagem e sambar , samba esse, que terminou em tombo, mas, como não sou mulher de tombinho, precisei de um tombo melhor ainda.

Decidimos um passeio de barco e, não existe nada como se debruçar sobre um barco desamarrado, é lindo, tal como cena de desenho animado. A pessoa fica completamente na horizontal, pés no pier, mãos no barco, até se estatelar no casco, ser salva pelos amigos e quase matar todo mundo – de rir é claro.

Crise 2 – Dr. Jekyll

Depois de levar um fora, nem tentei colar os cacos, simplesmente impossível.

Decidi facilitar a vida do primeiro que quisesse.

O primeiro que quis, tinha tudo que uma mulher carente, espera de um homem, lindo, jovem, rico, com amigos legais e me cobria de atenção.

Tanta atenção, que tenho certeza que aquilo foi um espécie de alerta divino do quanto eu consegui ser chata em relações anteriores, e somando todas, não dei um décimo da atenção que recebi do menino.

Mas para colar os cacos vai bem!

Não foi um encontro de almas, até porque Dr Jekyll tinha duas personalidades, antes do vinho e depois do vinho, além disso, o apelido chaveirinho lhe caía muito bem…no more details

Comecei a rezar diariamente por um homem que me ignorasse, que nunca mandasse um torpedo de bom-dia, muito menos de boa-noite, ligar de madrugada dizendo que me ama, nem pensar, mulherzinha na história, só eu.

E não é que as preces foram atendidas e encontro pela vida o cara do fora por torpedo?

Crise 3 – Fui mas fiquei

Sabe a tal da crise econônica? Pois é, ela se abateu sobre meu amado salário do final do mês. Fui demitida no início de fevereiro, mas fiquei. Fiquei até o fim de maio.

Nesse período, vivenciei por todas as fases que um terminal passa:

NEGAÇãO: me negava a ficar mais, mas estava tão apegada aquele dinheirinho que seria depositado na minha conta que me dobrei.

RAIVA: que raiva de ser pobre, comecei o ano achando que era rica e agora estou aqui, sem saber como fazer….

BARGANHA: nessa fase, não foi com a empresa que barganhei, mas sim com as outras possibilidades que a vida poderia oferecer …

- Prostituição: junto aos amigos fiz cálculos, quanto ganha uma menina por hora? 8 horas diárias X 300 pilinhas (no meu caso 180 que ja to meio passadinha pra profissão) X 5 dias por semana, pô, bem mais do que eu ganhava ralando 12 horas diárias. Mas os mesmos amigos (estraga prazeres) resolveram me mostrar os piores espécimes masculinos pra provar que eu não tinha vocação.

- Cafetinagem: bem, já que não tenho vocacão praquela parte do negócio, posso muito bem trabalhar nos bastidores. Fui consultar outro amigo, esses, entendido do assunto. Banho de água fria, até nesse mercado é necessário começar como estagiária, ou se é do ramo, ou nada feito.

- Venda de orgãos: sério, eu e outra amiga duranga, ficamos horas pesquisando quanto valeriam os orgãos que temos em duplicidade.

O queeeeee???!!! Nada feito! Sabe quanto pagam por uma cornea?

- Barriga de aluguel: essa pareciaa aposta mais promissora. Você pode trabalhar apenas uma vez no ano e viver disso o restante dos dias. Mas aí tem um problema. Você já teve um filho? Eu já… Entrou na minha barriga, só sai para ser meu…

- Próxima fase…

DEPRESSãO: essa fase chegou depois de descobrir que não há jeito, precisa ralar mesmo…não existe dinheiro fácil…

E por fim…

ACEITAÇãO: o mercado está ruim mesmo, as empresas enxugando custos, ainda demitindo. Será que rola vender o corpinho?

Crise 4 – Onde está a cara de pau que eu só usava pra trabalhar

Passei anos e mais anos em agências usando repetidamente o mesmo acessório. A minha cara de pau.

Ligava praticamente todo dia pra um fornecedor de pequeno porte (as vezes tão pequeno que a empresa era só ele mesmo) dizendo que uma grande corporação não tinha grana para pagar pelo trabalho que queria contratar e, em 95% das vezes convencia o pobre coitado a fazer o trabalho, eu e não posso tirar o mérito da minha cara de pau.

Aí precisei usar a cara de pau que era minha de direito, afinal, eu, desempregadinha da silva, queria ver meus amigos, tomar chopp com eles (eu sou baratésima pra isso porque nunca tomo chopp, nunca mesmo), mas tinha que avisar – aí ó, você que vai ter que pagar.

Procurei, procurei, revirei armários, gavetas, porta-malas do carro e é claro que achei, continuo saindo com meus amigos até hoje.

Crise 5 - Déjà vu

Não, não é possível que no mesmo ano eu tenha conseguido levar um for a duas vezes da mesma pessoa. Mas como tudo tem uma parte boa, dessa vez foi na minha cara e eu pude dizer eu também não te quero mais (nem era verdade, mas fiquei tão brava que passou a ser naquele momento).

Li uns três títulos de livros de auto-ajuda (nem precisou do resto, só o título já deu um up, e era muito mais barato) eme apaixonei de novo.

Dessa vez, por mim, cresci uns dez centímetros no meu conceito.

Recuperei a parte traseira da minha anatomia e pela primeira vez estou solteira, solteirinha, nem aí, apenas me divertindo, me divirto até com o som do teclado enquanto escrevo – o que faz o amor…

Crise 6 – Eu tenho muitos talentos, mas não consigo descobrir qual é o melhor

Preciso voltar ao mercado de trabalho.

Mas para qual mercado se tá todo mundo chorando tanto que fico com vontade de emprestar um dinheirinho?

Nesse recesso todo descobri muitas outras maneiras de me virar, de ver a vida, são tantas coisas novas que chego a ficar aflita.

Por exemplo, me da um prazer enorme levar a minha filha pra escola de manhã, e fazer parte da turma (e dai que eles tem 3 anos????!!!), tá, vou confessar, eu gusto mesmo, porque eles dizem que eu sou a mãe mais cheirosa…, mas não dá pra ganhar a vida disso, embora tenha me descoberto craque em virar assento pra crianças e desamarrar cadarços…

Quando vou com uma amiga visitar os clientes dela, sempre contribuo com alguma coisa que ajuda a fechar uma venda. Só que eu sou tímida, imagina eu resolver trabalhar com isso, chego lá na frente do cliente, eu meu salto e minhas pulseiras (sim, de salto, ou acham que vou sair por aí admitindo que sou baixinha?) olho pro cliente e pergunto – por favor senhor, posso me esconder num buraco na terra até a vergonha passar? Acho que no mínimo vai pensar que sou louca,né?

Idéias, eu sou uma fábrica ambulante de idéias, tenho uma atrás da outra, muitas delas viáveis, mas elas não se materializam somente pela minha vontade…

Crise 7 – Eu não tenho o dom de prever o futuro

Isso consiste num problema real pra mim.

O ano ainda tem dois meses e eu não tenho a menor idéia do que vem depois, se você leu o título e esperava alguma dica, só consigo pensar numa coisa, respire, calma e tranquilamente, uma vez após a outra, sem parar…

4 comentários:

Bernardo disse...

Guria, tô adorando os teus textos.
Como fiz parte deste último, fiquei mentalizando as cenas contadas e morrendo de rir, de novo!! :)
Beijocas

Marcia disse...

Adorei!!!

Maitê disse...

Taci, to adorando teu blog!!

SANDRO TIZOTTI disse...

Taci,
eu tb tenho acompanhado e acho que tu dá pra coisa. Não sei se o termo dá pra coisa é apropriado, mas que dá dá. Outra coisa não sei pq mas me identifiquei com a tua cara de pau... naquela hora de pedir coisas para os fornecedores... de graça... não sei pq.