segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Si hay reglas, estoy contra

A primeira vez que aconteceu, eu tinha seis anos.

Chorei durante todas as férias de inverno, por achar que seria o fim.

Depois disso, nunca mais parou, foram anos e mais anos de paixonites, coisities, loucurites, diversos únicos amores da minha vida pra todo o sempre, homens da minha vida então, nem se fala...

Mas um dia foi pra valer, percebi que tudo aquilo tinha sido fichinha me apaixonei calmamente pela primeira vez, algo bom, tranquilo (tá, quem acompanhou o inicio do namoro, vai dizer que de tranquilo não tinha nada) mas enfim queria ficar velhinha ao lado de alguém, o tempo passou, graças a Deus não cheguei a ficar tão velha assim, o amor acabou e ganhei o melhor amigo que alguém pode ter.

Achei que já era adulta, esperta, que agora ia ser dona do meu nariz, independente, solteira, muitas festas, enfim, um belo dia comecei a sentir algo estranho acontecendo, descrevi para a minha terapeuta que estava me sentindo doente, eis que ela me dá o veredicto cruel:

- Você está apaixonada.

Eu pasma, nãããooo, to doente, me sinto doente, não é uma sensação boa.

É como perder o controle, não tenho poder sobre minhas emoções, blablabla

Eis que ela insiste:

- Sim, você está descrevendo uma pessoa apaixonada, e antes que argumente tudo de novo, paixão é algo patológico.

Ela tinha razão.

Fui nocauteada, estava de quatro, cega, e sim, não há nada mais patológico do que estar apaixonada, mas passou.

Há algum tempo estou de fato solteira e apaixonada somente por mim.

Foi nesse período que uma amiga me apresentou alguns livros que me dei o trabalho de ler. Digo isso, pois tive que romper uma boa dose de preconceito para chegar na primeira página, quando via o título do primeiro "O que toda mulher inteligente precisa saber", sempre debochei, costumava comentar:

- Se uma mulher inteligente "precisa" saber, nem vou ler, pois já sei.

Mas só para eu deixar de ser boba, aprendi muito.

Depois desse vieram outro e mais outro e mais outro.

O comentário que segue, pode parecer um tanto amargo, feminista ou rancoroso, mas não é nada disso, é uma triste constatação do quanto estamos perdidas em nosso papel no nesse complexo mundo macho/fêmea.

As mulheres que lutaram tanto por um lugar ao sol, para ter suas carreiras, para dividir a conta do restaurante com os homens, hoje, se sentem ofendidas por ter que dividir a mesma.

Ao mesmo tempo que querem o título de super-mulher (o que vou morrer acreditando ser impossível - e também acreditando que os homens estão aliviados por estarmos dividindo o papel de provedores do lar e matadoras de baratas com eles), também querem ser "mulherzinhas" e ter um homem pra chamar de seu.

Prova disso é a crescente quantidade de manuais feitos para nos ensinar como tratar um homem no primeiro encontro, no restaurante, no cinema, na cama, no dia seguinte, para não se tornar inconveniente, sob pena de assutar a indefesa criatura e ela não voltar mais.

Cheguei a ler um parágrafo, onde um donzelo dizia que gostava de chegar em casa e ter pelo menos meia hora sem a mulher falando com ele pois precisava desse momento de paz.

Ora, se a mulher não pode conversar com seu marido ao chegar em casa, e, se falar com ela é o oposto de paz, o que fazem ambos um com o outro?

Mulheres nascem com o dom da verbalização como opcional grátis.

Mulheres falam! Muito!

Se temos que seguir uma lista de regras afim de não importunar o outro com nossa presença pra ter um relacionamento, para que tê-lo?

Olha, quem vos fala tem guardado agui no armário, a faixa de rainha da concessão, e acho que abrir mão de uma coisa ou outra pela paz de qualquer relação vale a pena, mas companheiras, acho que já estão abusando de nós...

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